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12 de mar. de 2023

Carreira em Y, o que é melhor: ser Líder ou Especialista?


 Olá Pessoal,

     Recentemente postaram em um grupo de WhatsApp que participo, uma questão sobre Carreira e comentaram sobre a Carreira em Y, assunto que eu já estava querendo escrever, que virou prioridade após essa discussão que acompanhei no grupo, e que se concretizou neste artigo.

     Para quem não sabe muito bem o que é a "Carreira em Y", o mais importante é entender que você pode crescer na sua carreira seguindo o caminho de Gestão/Liderança/Generalista ou Técnico/Especialista. Como assim, explique melhor? "Carreira em Y" significa que para crescer na carreira não é mais necessário seguir apenas o caminho da Liderança, ser um Gestor, Coordenador, Diretor ou coisa do tipo (Generalista), você pode também crescer, se tornando um profissional altamente especializado em um trabalho técnico (Especialista). Veja na "Imagem 01" um desenho que explica isso melhor:

 

Imagem 01: Representação da Carreira em Y


     Para se aprofundar mais no assunto sugiro ler os artigos das referências ao final desse post, mas antes vou comentar um pouco da minha jornada e o porquê desisti de uma carreira de Generalista, em que eu era o Líder ou "Chefe" de uma Seção de Banco de Dados (Chefe é o nome do cargo, na empresa em que trabalho, que corresponde ao cargo de "Gerente" na maior parte das empresas). Espero que ao relatar essa minha jornada, ela sirva como um "Norte" para muitos profissionais que ainda não descobriram ao certo qual caminho seguir (Especialista ou Generalista). 

     Trabalho desde 07/2007 em uma equipe (ou Seção) de Banco de Dados, em 07/2014 fui nomeado Chefe da Seção e quase 3 anos depois (em 02/2017) entreguei o cargo, voltando a ser "apenas" um Especialista. Quer saber porque decidi voltar a ser Especialista? "Então senta que lá vem história": 

         1- Eu sou um profissional que sempre gostou de estudar muito aquilo com que eu trabalho, e isso normalmente nos torna altamente técnicos;

         2- Sou focado: não estudo aquilo que não vou usar nem me distraio com assuntos que não me interessam no momento. Gosto de me empenhar numa tarefa até o fim antes de pegar uma nova tarefa, e deixar várias delas se atrasarem;

         3-.Gosto de fazer o meu trabalho com maestria, me apegando muito à qualidade e detalhes. Sou o "cara chato" que pega no pé dos outros quando alguém escreve um código e não acrescenta comentários explicando-o, ou que reclama com os DEVs e outros DBAs quando eles não seguem os padrões de nomenclatura de objetos de banco de dados;

         4- Gosto de conversar e ter amizades, mas sempre fui daqueles que focam primeiramente no "resultado" e depois nos bate-papos;

         5- Sempre fiz o trabalho de análise e de execução de forma bastante balanceada. Não gosto de ficar só na teoria (como os cientistas) e nem de executar algo que eu não entenda;

         6- Eu estava ficando frustrado em ter que realizar muitas tarefas administrativas e não ter pouco tempo para me atualizar tecnicamente e meter a "mão na massa". E pior, ao ser Chefe eu acumulei 2 funções, a de Chefe e a de Especialista. As tarefas mais complexas da minha área ainda era eu que tinha que executar. Fazer as tarefas administrativas, participar de reuniões e meter a mão na massa me "estressou" bastante.
 
         Descobri depois de muito tempo e "alguma dor", que todas essas minhas características são de um profissional "Especialista", e não de um Gestor ou Líder. Eu só consegui descobrir isso depois de entregar o cargo de Gestor/Liderança. Foi um bom aprendizado ser Chefe, mas foi algo que "doeu" em mim, e acredito que esse relato sirva para prevenir outros profissionais. 

     De um modo geral, eu sou uma pessoa muito direta e objetiva, meus alunos me dão esse feedback nos treinamentos e gostam muito desse perfil quando eu leciono, mas percebi, na prática, que essas características não são tão boas quando se é um Gestor. Quando eu era Gestor, eu participava de muitas reuniões em que o pessoal, ao meu ver, geralmente falava muito a "mesma coisa", e confesso que isso começou a me irritar depois de algum tempo. Descobri que prefiro muito mais telefonemas e mensagens de e-mail do que reuniões com excesso de "prosa" e demoradas, principalmente quando se fala na grande maioria do tempo coisas que não tem relação com o meu trabalho, e eu lá, com tarefas pendentes que muitas vezes ninguém mais conseguia fazer. Percebi também que ser direto e objetivo não eram características que me ajudavam muito nas negociações ou resoluções de conflitos com os Gestores ou Pessoal de outras áreas. Percebi que nós latinos, em sua grande maioria, somos mais emotivos do que racionais, e por isso é necessário falar com "jeitinho" e não ir direto ao assunto na hora de negociar ou cobrar algo. Confesso que preciso melhorar o meu "excesso de objetividade" para não parecer "indelicado", e estou me esforçando para melhorar isso! Temos a nossa essência, tem coisas que não conseguimos melhorar muito ou que demoramos para melhorar, e acredito que não há nada de errado nisso! Toda panela tem uma tampa! Se não nos encaixamos bem em um lugar, devemos procurar aquele que podemos nos encaixar melhor. No meu caso, eu já tinha esse lugar, e acabei voltando para ele. Minha objetividade e todas as minhas outras características sempre me deram bons resultados na Área Técnica, e também como Instrutor. Sempre tive bom desempenho e reconhecimento na posição de Técnico, então porque me estressar (e não ser feliz) na função de Gestor? Pois é, após pensar bastante neste assunto resolvi desistir da posição de Gestão/Liderança. Em 07/2022 tive de novo a oportunidade de ser Chefe da Seção de Banco de Dados, mas não aceitei a proposta, afinal, percebi que sou mais feliz sendo apenas "Especialista", e não metade Gestor, metade Especialista!

     Tem áreas que valorizam o Especialista há muito tempo, como por exemplo: a Medicina e a Engenharia, e felizmente temos isso também, atualmente, na área de TI. Muitas empresas, em geral, as Big Techs Americanas, valorizam o Especialista e oferecem a ele uma remuneração compatível com a de um Gestor, além de oferecer bônus para a retenção dos talentos. Um amigo que trabalhava numa dessas Big Techs informou que recebia 100 mil por ano para não pedir demissão e ir para outra empresa. Nos EUA é muito comum as empresas oferecerem também um bônus ao te contratarem. Acredito que aqui no Brasil isso ainda acontece em pouquíssimas empresas, mas na empresa em que trabalho já existem estudos para oferecer benefícios extras que visam a retenção da mão de obra técnica especializada. Infelizmente não temos ainda planos de Carreira em Y, meu salário era maior como Gestor, mas preferi dar prioridade para a minha saúde e felicidade, em vez do dinheiro em 1º lugar.

     Agora vou responder a questão que faz parte do título deste artigo, é melhor ser Líder (Generalista) ou Especialista? Resposta: Nesse assunto não existe certo ou errado, o melhor é fazer aquilo que você gosta! Ao longo da vida você pode melhorar ou desenvolver muitas habilidades (hoje dou aulas, mas há 23 anos - época da faculdade - eu não conseguia nem falar bem em público), e descobrirá em algum momento quais são aquelas que você se destaca mais e que pratica com maior destreza, naturalidade e prazer, então, a partir daí, você saberá qual é o melhor caminho a seguir: ser Líder ou Especialista! Eu "acho" que já descobri o meu! Para contribuir, deixe um comentário sobre a sua opção e o que pensa sobre o assunto!
 
[]s


Referências:
   - Plano de carreira em Y: o que é, vantagens e mais sobre esse modelo, acessado em 12/3/23
   - Carreira em Y: por que profissionais dispensam cargos de liderança?, acessado em 12/3/23


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